sexta-feira, janeiro 30, 2009

O homem da jaca.


Um senhor preto, já com uma certa idade, vivia sentado naquela calçada junto ao seu carro-de-mão, carregado de jaca. Ele sempre ficava do mesmo jeito, sentado, meio espojado na calçada, como se estivesse num sofá confortável, esperando que alguém lhe viesse comprar as jacas abertas e expostas, exalando aquele cheiro de fruta madura. Eu, pessoalmente, não gosto de jaca, mas o cheiro me seduz, e sempre que passava por onde esatava o homem da jaca, fazia questão de passar perto do carrinho, pra sentir exageradamente o cheiro, mas nunca comprava, eu não como jaca.
Certo dia, eu sabendo da rotina de calçada do homem da jaca, tinha uma tarefa a cumprir e passaria pelo ponto dele, e já me preparava para sentir aquele cheiro atraente e ainda para olhar o rosto do velho, que me seguia com os olhos como quem me disesse "Bom dia, moça". Era agradável. Entretanto, nesse dia, o homem da jaca, que sempre esteve ali, não estava. Procurei-o com os olhos, querendo lhe responder ao bom dia silencioso, mas era fato, ele não estava. Por um instante consegui sentir timidamente o cheiro de jaca que tomava conta da calçada, mas passou, e me fez falta. Embora eu não goste de jaca, talvez eu gostasse mesmo era do "Bom dia, moça", mais que do cheiro da fruta, que só completava o ambiente daquele homem, que com seus olhos cansados ainda conseguia desejar o bem para uma desconhecida que só passava, passava. O que aconteceu ao homem da jaca? Não sei, vai saber..Nunca mais o vi, nem senti o cheiro, mas agora, sou eu que o desejo o melhor dia que ele possa ter, onde quer que ele esteja. As sensações que pequenos gestos ou simplesmente caracteristicas de uma certa coisa ou pessoa podem causar em quem esta disposto a sentir são incalculáveis.

A.B.__________________________
Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência.


Quero terminar o post de hoje com a melhor notícia que eu poderia receber, passei na Universidade Federal da Bahia.
Para quem me deu todo o apoio e amor do mundo, meu muito obrigada! Sem vocês eu não sou nada.
Já para aqueles que acharam que eu não conseguiria, meu sinto muito por tê-los surpreendido.

E agora, dá licença que eu vou ali tomar umas cervejas....

sábado, janeiro 24, 2009

Só se tem o que merece.


Será?
Me parece que comigo, não.
Parece que se dedicar, hoje em dia, não vale mais a pena. Todo mundo age a seu modo, sem pensar no que você fez ou faz, nas suas atitudes de desprendimento. Se lhe passamos a mão na cabeça, logo em seguida se recebe um sutil tapa na cara.
Vai que eu goste? Mas eu não gosto. E não preciso disso também.
Ser entregue a uma situação, abrindo mão, sendo altruísta não valida o conceito de que se tem o que merece. Pelo menos, comigo não.
Todavia, ainda se consegue tirar uma lição disso tudo.
"Só se tem o que merece."
Talvez eu esteja mesmo merecendo. Como diz a minha Vó: "quem se abaixa demais, o fundo das calças aparece".

De volta à vida.

ouvindo: Ak-47 - Infecção.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Um círculo.


Hoje ouvi uma música chamada Tonto Mar, da banda O Círculo, e coincidentemente (ou não?) como o nome da banda, foi o que senti, um círculo. Exatamente ha um ano, eu escutava essa mesma música, por motivos específicos e agora não é diferente. Isso me fez chegar a conclusão, talvez temerosa, não sei, de que muita coisa caminha mesmo em círculos, começando e findando num mesmo ponto. Não sei se da mesma forma mas, desse jeito. Se ouvia essa música por um sentimento, hoje a ouço pelo mesmo. Se ontem chorava por uma dor, hoje choro a mesma, mas não da mesma forma. A mudança de certos aspectos não muda completamente o sentido de tudo, pelo menos em certas situações.
Tudo isso é muito complicado, mas pra quem se encontra só, em companhia do silêncio e dos pensamentos, é muito simples e claro.
Talvez eu esteja até sendo contraditória com minhas próprias palavras, mas quem disse que eu quero ser igual? Faz tudo parte das situações e eu tenho pressa de vivê-las sejam elas como forem.

procurem a música, vale muito a pena.

sábado, janeiro 10, 2009

muito sentido.


Hoje foi um dia às avessas.
Acordei com toda serenidade do mundo, sentindo um leve embrulho no estômago, que deve ser por conta do vinho que não tomei ontem, mas que agora, me faz falta.
Um dia onde tudo se enche de sentido, duplo, triplo, e a vida me enche de irremediáveis questionamentos e estranhamente, de paz.

E mais do que qualquer coisa boa que eu possa desejar em 2009 pra todos nós, eu desejo um dia assim, cheio de sentido. Que dê sentido, tenha as certezas.



Ovindo : Fake Plastic Trees - Radiohead.